"PESSOAS DE DEUS"
"PESSOAS DE DEUS"
Vamos pensar um pouco?
Parece-me um tanto contraditório
uma pessoa religiosa e em busca de evolução, ou da salvação, atacar a prática
religiosa alheia.
Fico muito triste quando
digo que sou umbandista e vejo as mais estranhas reações. A frase “Você mexe
com essas coisas?” é muito recorrente.
Gostaria de entender o que
é “mexer com essas coisas”. Todo meu tempo livre é dedicado ao estudo da
espiritualidade. Quando em casa, realizo meus afazeres ouvindo palestras, assistindo
vídeo-aulas e conferências de diversas religiões.
É muito importante
conhecer os fundamentos e explicações sobre Deus, fé e evolução sob a ótica de
outras crenças, afinal, todas as explicações são alegóricas ao que se refere a
Deus. Os Mistérios Divinos são considerados “mistérios”, pois o raciocínio
humano não comporta tal entendimento.
Ser umbandista não me
aprisiona, não limita meu conhecimento. Cada crença prega uma ritualística, uma
liturgia, um caminho para entrar em contato com a “Luz Divina”. Como, pois,
seremos nós (limítrofes seres humanos) capazes de julgar se determinado feito
pertence ou não a Deus???
Religião (do latim “religare”)
significa a religação com a esfera divina, o ato individual de ligação entre o
ser e o Criador. Sendo um ato individual
o ser é livre para eleger o meio que melhor lhe corresponde.
Posso estar enganado, mas
acredito que a elevação (ou salvação) é uma busca individual e não é restrita
aos pertencentes de qualquer instituição. Também acredito que todas as
religiões são sagradas, pois advém de um plano maior e são dispostas no mundo com
um intuito de purificação e positivação dos sentidos.
Não existem religiões más,
existem homens maus que desvirtuam seus conhecimentos e abusam de sua posição
de liderança e de sua condição de formadores de opinião. Existem pessoas que
usam a fé alheia para extorquir gente inocente, que manipulam elementos e
energias para a prática do mal, que vulgarizam e difamam os sacramentos, que abusam
sexualmente de incapazes, entre tantas outras atitudes desumanas observadas em
diferentes segmentos religiosos.
As pessoas aprisionam Deus
ao tratá-Lo como um patrimônio, ao creditar tudo o que é alheio como pertence
ao demônio.
E que demônio é esse? Será aquele que te isenta da responsabilidade dos próprios atos? Será aquele que leva a culpa por todos os teus erros e atitudes baixas?
E que demônio é esse? Será aquele que te isenta da responsabilidade dos próprios atos? Será aquele que leva a culpa por todos os teus erros e atitudes baixas?
Se é que existe um
demônio, ele seria capaz de te influenciar e ser responsável por todas as tuas
falhas? Sendo assim, onde estava o teu “livre arbítrio”? Parece-me muito cômodo
mascarar o próprio íntimo com discursos hipócritas.
Se existe uma prática
religiosa realmente boa, acredito que seja aquela que possibilita o
reconhecimento dos próprios atos, das falhas e responsabilidades individuais; o
aprimoramento do caráter, a retidão da fé e o respeito mútuo.
O Mestre Jesus resumiu os
mandamentos em “Amar a Deus sobre todas as coisas” e “Ao próximo como a ti
mesmo”. Ele também chicoteou os mercadores do templo; acolheu a suposta
meretriz; e disse: “Onde dois ou
mais estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei entre vós”
(Mt 18,20)
Não entendo em que se
baseiam as pessoas que se intitulam profetas e pregadores dos ensinamentos de
Jesus ao decretarem como obra do demônio todo e qualquer ato de religação espiritual
que se apresente de modo distinto. Tampouco compreendo em que se fundamentam os
discursos hipócritas de sacerdotes e líderes religiosos que incentivam o
preconceito, a agressão e a segregação entre os filhos de Deus.
Não aceito a hipocrisia, a
intolerância religiosa e vou continuar “mexendo com essas coisas”. Eu tenho
orgulho de ser umbandista!
A Umbanda é Sagrada e,
realmente, muito diferente. Ela agrega os valores positivos de quatro crenças:
o cristianismo, o espiritismo, o conhecimento indígena e o culto aos Orixás. De
modo bastante ecumênico seus fundamentos são entrelaçados, pois todos os
caminhos conduzem à elevação espiritual e religação com o Divino.
Minha amada religião me
coloca de frente com os meus atos, me responsabiliza por minhas escolhas; não
discrimina ninguém; dispõe de um amplo serviço caritativo e humanitário e nada
cobra por isso; possui uma vasta fonte de conhecimento empírico e teórico; e
aceita de braços abertos todos que desejarem formar seus próprios conceitos
sobre ela.
Portanto, irmãos, sejamos
donos de nossas próprias opiniões. A reprodução de conceitos pré-estabelecidos
torna-nos medíocres. Prefira conhecer antes de julgar.
Desejo que Deus abençoe a
todos e torne-os aptos a manifestar um de seus dons, a Sabedoria.
Salve!
Cesar A. S. Pierini –
26/09/2013
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