E AO PARAR, PROSSEGUIA
Com a mão sobre a curva das costas, respirava e seguia.
Respirar era o que restava
Seguir se fazia necessário
E a necessidade, por sua vez, vital.
A vitalidade vinha com fome
E a fome com desespero
O desespero com ira
E a ira, dentada.
Os dentes rangiam
O ranger agoniava
A agonia sujava
E a sujeira assustava
No susto, eu movia,
E, por mover, me limpava
E a limpeza molhava
E ao molhar, me sujava.
E quão mais me movia
Mais molhado ficava,
Mais imundo, ficava,
Imundo, molhado e movendo.
E ao mover me cansava
E molhado ficava
E imundo eu movia
E cansado eu parava
E cansado eu parava
E parado eu olhava
Eu, imundo, me olhava
E molhado parava.
E ao parar eu olhava
E, por olhar, me movia
E me movendo eu andava
E ao andar me secava.
E me secando, limpava
E, por andar, me movia
Ao mover, me secava
E ao secar me olhava.
E quão mais me olhava
Mais eu andava
E quão mais eu andava
Mais me secava e a sujeira caia.
E a sujeira caia
E eu que, andando, limpava
Enfim parava.
E ao parar, prosseguia.
Caesar Pierini 28/09/08
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