A MAÇÃ PODRE


A MAÇÃ PODRE
Tenho amigos com defeitos deliciosos. Poucos.
De uma característica das mais horrendas, a verdade. Capazes de dizerem uma verdade com a delicadeza de um tapa.
Numa sociedade em que ser ganancioso é pecado, dizer que odeia alguém não é bonito; onde sentir inveja é apenas uma invenção (quando em primeira pessoa), ser verdadeiro é um crime.
Ninguém odeia ninguém, ninguém sente inveja, ninguém tem ciúme e ninguém, mas ninguém é adúltero; embora todos se matem, façam fofocas, digam mentiras por algum motivo justificável.
Em um dos lugares que trabalho a lógica é bem engraçada. Lá, a maçã podre é quem reclama e não quem erra. Lá, pode-se não falar, não pensar e nem questionar.
Nesse lugar quem fala a verdade é punido, mas quem mente é querido.

... Era uma vez um rei que queria novas vestes.
Espalhou um edital convocando alfaiates para que mostrassem suas idéias e assim o rei escolheria quem seria o felizardo realizador de seu capricho.
Centenas de pessoas se apressaram em lhe ofertar os mais dignos tecidos, até que entrou um cristão no salão real com as mãos vazias.
O rei olha o cristão e lhe pergunta. “O que você tem pra me oferecer?”
“Tenho tal tecido mágico em minhas mãos, qual somente os inteligentes podem enxergar.”
O rei, para não demonstrar que nada sabia, exclama:
“Nunca vi nada tão lindo. Está contratado!”
Uma semana depois, com suas “roupas” mágicas prontas e o com cristão já longe de lá, o rei anuncia que irá desfilar com sua roupa nova. - Sim, o rei tinha uma tendência à moda.-
Todos os súditos saíram nas ruas, curiosos para verem o tecido mágico do qual somente as pessoas inteligentes poderiam enxergar.
Com uma botinha de cor neutra, pra combinar com a cor que fosse seu vestidão misterioso, sai o rei a caminhar por entre as ruas.
As pessoas todas mui inteligentes, é claro, comentavam da beleza que viam nas vestes do rei.
Surge por entre as pernas de duas velhas mexeriqueiras um menininho escorpiano que grita:
“Olha a bunda do rei!”
Todos acharam um absurdo e lincharam a criança.
Pronto, acabou a história. Isso, o menino morreu e o estilista abriu um ateliê na Oscar Freire e ganha rios de dinheiro. FIM.

2 comentários:

Lua disse...

Olá, sou hipócrita e bem pouco profissional.
Justamente o que estávamos necessitando! Estás contratado!

TAYNARA R. BOUZAN disse...

ta podi é???

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