"SORRIAM"


“Sorria, isso basta.” – Dizia a inscrição de um panfleto.
Basta para que?
Para que meus dentes apareçam, meu consentimento seja afirmativo, minha feição não force ninguém a pensar.
“Sorria, você está sendo filmado.” – Dizia o cartaz em uma loja.
Por acaso o segurança é dentista? Caso eu sorrisse seria classificado como alguém correto, inocente e cristão?
Quando me dizem “sorria” eu tenho vontade de mostrar a língua e um dos dedos.
Como quando vamos tirar uma foto, quem paga sou eu. Quem decide se devo sorrir ou não?
O fotógrafo? Por favor!
Riu bem e quando achar que devo!
Riu largo, alto e forte. Pessoas me olham e, de repente, rir é um crime.
À pouco a ordem era rir, mas comedidamente. Riso largo assusta a gente rasa.
Pois que se afoguem em suas superfícies!
Eu quero mais é rir, quando quero e se quero.
Enfiem suas placas-motivadoras em seus orifícios e deixem que eu decida pelos meus.
Agora, sorriam!

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